Etiologia

Atualmente é unânime a constatação de que trata-se de um distúrbio de origem neurológica, congênito e hereditário, sendo comum apresentar-se em parentes próximos. Quanto à predominância sexual, há controvérsias, mas encontra-se mais publicações referindo que há maior incidência no sexo masculino (7 meninos para 3 meninas), confirmados por Shaywitz et al. (1996).

As alterações no processamento cerebral têm sido atualmente pesquisadas pela Neuropsicologia e Neuroquímica. Estudos recentes pela equipe do Dr. Fagerheim, da Noruega, descobriram que o gene DYX3, do cromossomo 2 estaria relacionado aos distúrbios da leitura e escrita (Martins, 2001). Estudos bioquímicos estão sendo desenvolvidos em relação à quantidade de testosterona no cérebro devido a maior incidência de disléxicos no sexo masculino.

A Neurofisiologia, com estudos de Larsen et al. (1990); Rumsey et al. (1997), destaca que nos disléxicos há homogeneidade nos volumes cerebrais e ausência de assimetria, baseada em pesquisas realizadas por meio do PETSCAN (mapeamento de neurônios acoplado à ressonância cerebral magnética, pela emissão de pótitrom).

As possíveis alterações emocionais ou comportamentais apresentadas por crianças disléxicas não são fatores etiológicos do problema e sim conseqüências do mesmo, que não corretamente diagnosticado e tratado, leva comumente às perdas escolares e sociais, passíveis de causarem graves conseqüências emocionais. Condemarin & Blomquist (1986) sugerem que a psicoterapia é um método adequado de tratamento apenas numa minoria dos casos e que é desejável adiar a consideração da necessidade de psicoterapia até que os efeitos do ensino terapêutico sejam evidentes, pois na maioria dos casos, as crianças com distúrbios da leitura e escrita melhoram quanto à adaptação da sua personalidade quando começam a ter êxito na atividade escolar. Deve-se ressaltar, também, que as condições sócio-financeiras da família, bem como sua estabilidade emocional não são fatores etiológicos da dislexia, podendo, no entanto, agravar o distúrbio, uma vez que alteram a estabilidade e promovem desarmonia no seio familiar.